Na infância eu costumava desfilar no 7 de setembro. Era um feriado esperado. Ansiava por poder entrar pela avenida vestida com o uniforme do "Grupão", apelido querido da escola primária que frequentei. Eu sonhava ser baliza, mas nunca tive a coragem para assumir isso e acabava sempre com os pratos. Era o único instrumento permitido para a grande maioria das crianças, que como eu, não eram lá tão musicalmente talentosas.
No quintal de casa eu sempre brincava de parada. Coloca um pedaço de pano amarrado na canela fingindo ser minhas botas, pegava o cabo de vassoura e saia pelo quintal imitando as balizas da escola. Ou então pegava as tampas das panelas de casa e me imaginava na banda, tocando pratos. E era sempre o técnico, com o apito dando as ordens para a equipe que participava do meu desfile particular.
Assim foi até a 7ª serie, nessa ocasião já em outro colégio, quando a professora de Educação Fisica resolveu inventar de desfilarmos ao som de "Escravos de Jó". Podem imaginar como seria a experiência né?! Foi realmente breguérrima! Saia pregueada branca, blusa amarela com manga "pufe" verde, tiara de flores na cabeça, um "bico" imenso para demonstrar todo o meu mau humor: foi vestida assim que segurei a foto da Sinhá Moreira por toda a avenida no meu último e terrível desfile de 7 de setembro.
Lembro-me bem que tentei insistir que meu pai fosse até a escola conversar com a professora na tentativa de fazê-la desistir de me colocar no desfile, mas não tive sucesso. Acho que de propósito, para ir contra minha rebeldia adolescente, meu pai não quis ir até a escola, e essa era a única forma de não participar da atividade obrigatória. No dia fatídico eu fui, mas desfilei o tempo todo de muito mau humor e sei que um tio tirou muitas fotos. Estou recordando agora que até hoje não vi essas fotos. Deve ser trauma...
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